
Comprimido contra obesidade mostra eficácia similar à caneta em testes
Um novo estudo sobre a orforgliprona, um medicamento oral desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly para o tratamento da obesidade, revelou resultados promissores, indicando que sua eficácia e segurança são comparáveis às terapias injetáveis já disponíveis no mercado, como o Wegovy (semaglutida). A pesquisa, chamada ATTAIN-1, foi divulgada na manhã do dia 7 de agosto de 2025, mas ainda não passou por revisão por pares em uma revista científica.
Detalhes do Estudo
O estudo ATTAIN-1, que está na fase 3 — a última etapa antes da possível aprovação e lançamento no mercado — avaliou a eficácia e segurança da orforgliprona ao longo de 72 semanas, equivalentes a aproximadamente um ano e cinco meses. A pesquisa envolveu 3.127 adultos de diversos países, incluindo Estados Unidos, Brasil, China, Índia, Japão, Coreia, Porto Rico, Eslováquia, Espanha e Taiwan. Os participantes foram selecionados devido à obesidade ou sobrepeso, associados a comorbidades como hipertensão, colesterol elevado, apneia do sono ou doenças cardiovasculares, mas sem diagnóstico de diabetes.
Resultados Obtidos
Após o período de 72 semanas, todas as dosagens testadas do medicamento (6 mg, 12 mg e 36 mg) mostraram resultados significativos em comparação ao placebo. O principal objetivo do estudo era verificar a redução do peso corporal em relação ao início do tratamento. Os resultados indicaram que a dose de 36 mg da orforgliprona levou a uma redução de até 12,4% do peso corporal, em comparação com uma perda de apenas 0,9% observada no grupo que recebeu placebo. Em comparação, a semaglutida, substância ativa do Wegovy, mostra uma perda de peso estimada entre 10% e 15%. Além disso, 59,6% dos participantes que utilizaram a dose mais alta do medicamento conseguiram perder pelo menos 10% do peso corporal, e 39,6% alcançaram uma perda superior a 15%.
Benefícios Adicionais
Os resultados não apenas confirmaram a eficácia da orforgliprona na perda de peso, mas também mostraram melhorias em indicadores de saúde cardiovascular. O medicamento contribuiu para a redução dos níveis de colesterol “ruim”, triglicerídeos e pressão arterial. Em análises específicas, a dose mais alta do medicamento também reduziu em quase 47,7% a presença de uma proteína associada à inflamação, chamada hsCRP.
Administração e Efeitos Colaterais
Todos os participantes iniciaram o estudo com uma dose diária de 1 mg, que foi aumentada gradualmente a cada quatro semanas até o alcance da dose final estabelecida para cada grupo. Os que chegaram à dose de 36 mg passaram por uma série de aumentos: 1 mg, 3 mg, 6 mg, 12 mg e 24 mg. A redução da dose foi autorizada apenas em casos de efeitos colaterais gastrointestinais, que eram os mais comuns, incluindo náuseas, constipação, diarreia, vômito e dispepsia. A maioria dos efeitos foi classificada como leve a moderada, e algumas pessoas interromperam o tratamento devido a esses efeitos: 5,1% na dose de 6 mg, 7,7% na dose de 12 mg e 10,3% na dose de 36 mg. Não foram observados indícios de que a orforgliprona causasse problemas hepáticos.
Perspectivas Futuras
Com os resultados promissores em mãos, Eli Lilly planeja submeter a orforgliprona para avaliação regulatória até o final do ano, com a expectativa de um lançamento global que atenda à crescente demanda por soluções de tratamento da obesidade. Kenneth Custer, vice-presidente executivo da Eli Lilly, reforçou a importância do medicamento no combate a um dos maiores desafios de saúde pública da atualidade.
Clayton Macedo, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), expressou otimismo em relação aos resultados do estudo, destacando a robustez dos dados e a importância da classe de medicamentos, que além de promover perda de peso significativa, traz benefícios adicionais à saúde.
Como a Orforgliprona Funciona?
A orforgliprona é uma molécula sintética que age de forma semelhante a outros medicamentos da mesma classe, como a liraglutida e a semaglutida. Ela imita a ação do hormônio GLP-1, que é naturalmente produzido no intestino durante a alimentação, ajudando a melhorar a secreção de insulina pelo pâncreas e promovendo a sensação de saciedade. O GLP-1 atua no cérebro para reduzir o apetite e no sistema digestivo para atrasar o esvaziamento do estômago, proporcionando uma abordagem inovadora para o tratamento da obesidade.
Próximos Passos e Estudos Relacionados
Os resultados completos do estudo ATTAIN-1 serão apresentados em setembro durante a Reunião Anual da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes (EASD) e também serão publicados em uma revista científica revisada por pares. Além disso, novos achados do programa ACHIEVE, que investiga a utilização da orforgliprona em adultos com diabetes tipo 2, devem ser divulgados ainda este ano. A molécula também está sendo estudada como um potencial tratamento para apneia obstrutiva do sono e hipertensão em adultos obesos.
Observação Importante: As informações aqui apresentadas não substituem a avaliação ou o acompanhamento profissional. Sempre consulte um médico ou especialista em saúde para orientações personalizadas.


